Paula Santos, bailarina do Faustão sobre sua transição capilar: “Chorava porque queria ter o cabelo padrão de beleza da TV”

today30 de novembro de 2020
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Que menina nunca passou horas em frente ao espelho com uma chapinha em mãos, tentando chegar ao cabelo liso “perfeito”? Com Paula Santos não foi diferente. Com uma cabeleira de cachos exuberantes, a coreógrafa que integra o time do ‘Dança dos Famosos’, do Domingão do Faustão, conta que já sofreu pressões estéticas e por muitos anos, tinha seus cabelos como inimigos.

“Não existia referência para mim quando pequena, então não aceitava o meu cabelo. Quando criava um pouquinho de volume, corria para molhar e passar cremes para baixar. Era uma perseguição”, relembra.

As tentativas de atingir um padrão de beleza não pararam por aí. Anos de relaxamentos e escovas com pranchas semanais tornavam Paula escrava da própria aparência. Além das perseguições habituais, a bailarina ainda sofria discriminação na dança, o que tornava tudo ainda mais difícil: “Era muito comum nas competições meninas brancas tentarem desestabilizar a gente com comentários como ‘cabelo de bombril’ e coisas do tipo antes de entrar no palco”.

Fim da guerra
Nos últimos anos, mulheres negras de cabelos naturais finalmente começaram a ganhar espaço nos campos de influência, como na TV e internet, mesmo que ainda desproporcionalmente, este foi o ponto de partida para Paula. Através da empresa “Beleza Natural”, os cachos começaram a voltar a aparecer. Mas somente após um trabalho no programa “Criança Esperança”, onde grandes referências da arte, mulheres, negras e empoderadas assim como a bailarina, estavam assumindo o cabelo, a mudança realmente veio. “Fiquei apaixonada pelo cabelo delas e comecei a assumir o volume que eu tinha e me aceitar de fato”. Fim da guerra e a coreógrafa que já teve como inspiração para naturalidade capilar Taís Araújo, Arielle Macedo e o ballet da poderosa Anitta, passou a ser um ícone de beleza natural por si só. “Comecei a receber muitos elogios e muitas pessoas perguntando como eu fazia para manter o meu cabelo”.

Transição e química
Enjoar do próprio cabelo e fazer alguma mudança impensada é algo que acontecerá pelo menos uma vez na vida de toda mulher, mas com Paula, os anos de química tornaram a transformação ainda mais complicada. Com o cabelo no tamanho que sempre desejou, com os cachos voltando mas ainda sem os fios completamente naturais, a dançarina resolveu clarear as madeixas. “Era para clarear as pontas, mas a profissional errou a mão e foi muito além. A combinação de químicas fez com que sumisse todos os meus cachos. Meu cabelo ficou horrível e eu só conseguia chorar”, lembra, destacando a importância de buscar sempre profissionais qualificados.

Dessa vez, a famosa transição capilar precisou de fato acontecer. Três anos foram percorridos até que Paula Santos chegasse a cabeleira de hoje. “Posso dizer que hoje sou livre e aconselho a todas as pessoas a se libertarem das químicas e aceitarem a natureza de seus cabelos”, diz a cacheada.

Dicas e cuidados
Com quase 50 mil seguidores no Instagram, Paula passou de bailarina para também influenciadora e hoje, recebe várias perguntas diariamente sobre os cuidados com a beleza e claro, o cabelo é o principal. A nova influencer se coloca à disposição e compartilha passo a passo de sua rotina de cuidados. “Falar sobre a minha transição e meus cuidados é um dos temas mais quentes das minhas redes sociais”, afirma, dizendo que inclusive tem buscado variar ainda mais nos penteados a cada ritmo da “Dança dos Famosos”, mostrando a versatilidade dos cabelos crespos. “Nós somos muito abençoadas!”

Para quem está começando a assumir o cabelo natural, a dançarina dá algumas dicas: lavar o cabelo duas vezes na semana, sempre fazendo nutrição, hidratação ou reconstrução. De acordo com ela, o processo dura em média uma hora. Além disso, Paula segue o cronograma capilar do salão Bruno Dante Conceito e recomenda para todos os tipos de cabelo: “Eles têm unidade no Rio e outra em São Paulo. São especialistas em autenticidade capilar, independente do tipo do seu cabelo, eles conseguem extrair o melhor da sua natureza sem utilizar química, apenas com cuidados e tratamentos naturais”.

Representatividade
Foram décadas com meninas alisando os cabelos, tentando se encaixar no dito padrão de beleza, até que mulheres negras e empoderadas começaram a assumir seu lugar, e agora Paula, que já esteve do lado que sofria pressão, integra este time. Ela afirma que foi justamente a falta desta representatividade que fez com que as mulheres da sua geração lutassem contra a própria natureza. “Quanto mais eu puder contribuir para essa aceitação e me tornar referência para essas meninas, eu farei. Agora somos uma geração com muitas referências e vamos usar isso para o bem”.

“Sempre apoio que as mulheres sejam livres e aceitem a natureza do seu cabelo. Tem muitas formas hoje de cuidar da naturalidade do cabelo, e o empoderamento negro e feminino ajudou completamente nesse processo”, afirma a bailarina, que insiste para que ninguém desista do natural e do processo de transição – “No início é bem difícil porque o cabelo, para nós mulheres, é um sinal de autoestima muito forte, mas depois você estará se amando muito mais, com o cabelo maravilhoso e livre”, finaliza.

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