Farra dos imóveis funcionais | Deputados federais e senadores se negam devolver apartamentos

today22 de abril de 2023
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A Agência Congresso divulgou uma matéria no último dia 20 de abril, onde mostra que onze senadores que ocupam irregularmente imóveis da Câmara Federal – desde a época em que eram deputados – se recusam a deixar os imóveis. Permanecem nos apartamentos e ainda exercendo mandatos em outra Casa Legislativa.

Inclusive, a maioria desses parlamentares, se negam até a discutir sobre o assunto, como por exemplo o senador Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), que mora em um destes apartamentos desde quando foi deputado federal entre 2003 e 2015.

Além de Alcolumbre, outros senadores também moram nesses imóveis de propriedade da Câmara Federal: Alan Rick (União Brasil/AC); Eliziane Gama (Cidadania/MA); Hiran Gonçalves (PP/RR); Marcelo Castro (MDB/PI); Romário (PL/RJ); Tereza Cristina (PL/MS); Professora Dorinha (União Brasil/TO); Wellington Fagundes (PL/MT), e o ministro do Desenvolvimento Social – senador licenciado Wellington Dias (PT/PI).

Os parlamentares foram procurados pela Agência Congresso e as respostas das assessorias foram as seguintes:

Alcolumbre: a assessoria informou que o senador “não vai comentar o assunto”.

Marcelo Castro: disse que: “sobre o apartamento funcional, por enquanto, continua na mesma. Nada mudou. O senador continua no apartamento. Por enquanto, não tem previsão para ele sair de lá”.

Alan Rick: o ex-chefe de gabinete do senador, Leandro Azevedo, respondeu: “deixei a chefia do gabinete do senador Alan semana passada. Até aquele momento, ele não tinha intenção de desocupar [o imóvel]”.

Eliziane: a assessoria disse que: “ela, como os outros senadores, vai continuar no apartamento”.

Já os demais senadores não retornaram o contato.

A assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados, também procurada para saber quais medidas e tratativas serão tomadas pela direção, não respondeu aos encaminhamentos até o fechamento da matéria.

O deputado e quarto secretário da Casa, Lúcio Mosquini (MDB/RO), responsável pela gestão dos 432 apartamentos funcionais da Câmara, não atendeu às ligações e nem respondeu as mensagens que foram deixadas em sua conta num aplicativo de celular.

“Acertos”
A Agência Congresso também apurou que diversos novos deputados eleitos em 2022 e que seriam os novos ocupantes dos imóveis não estão conseguindo ocupar os apartamentos porque, muitos deles, estão ocupados por colegas que conseguiram as chaves por “acertos” diretamente com os ex-parlamentares.

É o caso do deputado Luiz Carlos Busato (União Brasil/RS), que foi sorteado para assumir o imóvel até dia 31 de janeiro de 2023, que era ocupado pelo ex-deputado Bosco Costa (PL/SE), que repassou as chaves para a conterrânea Yandra Moura (União Brasil/SE) – filha do ex-deputado André Moura (PSC/SE).

Ao ser procurado pela Agência Congresso, Busato disse estar revoltado com a situação e que irá até as últimas consequências para fazer valer o seu direito de morar no amplo apartamento vazado de 225 metros quadrados, quatro quartos, localizado na Asa Norte e que, de acordo com corretores, valem entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões.

Apartamento de 225 metros quadrados, quatro quartos, localizado na Asa Norte.

Também foram procurados Bosco Costa e Yandra Moura, que não retornaram as ligações, bem como as respectivas assessorias.

Esposa
Outro caso é o do imóvel que era ocupado pelo ex-deputado Beto Faro (PT/PA), eleito senador em 2022, junto com a mulher Dilvanda Faro (PT/PA), eleita deputada federal. Ele entregou as chaves do apartamento para a esposa sem saber que a Câmara já tinha designado para outro parlamentar.

Procurados, disseram por meio da assessoria que “a esposa do senador é deputada federal [e que] por um pequeno erro administrativo o apartamento não foi passado para o nome dela, [e que] isso já está sendo feito”.

Fura-fila
Essa situação das ocupações irregulares dos apartamentos por alguns deputados gerou até brigas entre os parlamentares. Acusado de ocupar irregularmente o imóvel designado para a deputada Laura Carneiro (União Brasil/RJ), o deputado capixaba Gilson Daniel (Podemos) foi para a tribuna da Câmara reclamar e mandou um recado para o quarto-secretário da Casa, Mosquini, que não aceitará “ser tratado” de maneira diferente.

“Eu, talvez, seja o deputado mais de paz, mas estarei à disposição para uma boa briga. Esse recado é para a Quarta Secretaria desta Casa. Não vou ser tratado diferente de nenhum dos 513 deputados dessa casa”. Ele depois devolveu o apartamento.

Preferência
A preferência na distribuição dos apartamentos funcionais, nesta ordem, é primeiro para os parlamentares que estão há mais tempo na Câmara, depois dos mais idosos. Em seguida das mulheres. Laura Carneiro, no caso, é ex-parlamentar.

Quem mora em um imóvel funcional sem autorização pode responder a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa.

Os parlamentares que não conseguirem moradia nesses imóveis podem requerer o auxílio-moradia no valor de até R$ 8.401,00. Muitos deles residem em hotéis.

Ocupações irregulares
Hildo Rocha: renunciou em 23/01/2023. Secretário Executivo no Ministério das Cidades.

Danrlei de Deus (RS): afastou-se em 02/03/2023. Secretário de Estado.

Júlio César Ribeiro (DF): afastou-se em 07/03/2023. Secretário de Estado. Desocupação prevista em 06/05.

Robério Monteiro: afastou-se em 28/02/2023. Secretário de Estado. Desocupação prevista para 29/04/2023.

Senadores em imóveis da Câmara

 01ALAN RICK
02BETO FARO (esposa DILVANDA FARO ganhou como Deputada)
03DAVI ALCOLUMBRE
04EFRAIM FILHO
05ELIZIANE GAMA
06HIRAN GONÇALVES
07MARCELO CASTRO
08PROFESSORA DORINHA SEABRA REZENDE
09ROMÁRIO
10TEREZA CRISTINA
11WELLINGTON DIAS
12WELLINGTON FAGUNDES

por Humberto Azevedo (Agência Congresso)

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