Os perigos invisíveis: descobrindo e enfrentando o transtorno dismórfico corporal

today5 de julho de 2023
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A doença pode ser descoberta pelo cirurgião plástico durante as consultas que antecedem a cirurgia

O que todo mundo deseja é se olhar no espelho e ficar satisfeito com o que vê. Mas nem sempre isso é possível. Algumas pessoas não estão totalmente felizes com sua aparência física, e acabam elevando essa insatisfação a um nível perigoso, quando começa a dar sinais do transtorno dismórfico corporal (TDC). Condição psicológica que se caracteriza pela preocupação, sem controle, com a aparência, desenvolvendo baixa autoestima, ansiedade, depressão e até transtornos alimentares.

Em muitos casos, o distúrbio é descoberto no consultório de cirurgia plástica, no momento em que o paciente está sendo avaliado para um possível procedimento. De acordo com a cirurgiã plástica, Luciane Siqueira, antes de realizar qualquer cirurgia é feita uma ampla avaliação sobre o que a pessoa deseja, quais são seus objetivos e o motivo pelo qual deseja passar pelo procedimento.

“É a partir de uma longa e aprofundada conversa que nós, médicos, entendemos melhor os anseios dos pacientes e conseguimos lidar com suas expectativas. Hoje em dia, muitas vezes, os pacientes, principalmente mulheres, chegam ao consultório mostrando fotos de artistas e blogueiros desejando ficar com o corpo parecido. Sempre esclareço que é um equívoco querer ficar igual a outra pessoa, já que cada indivíduo tem uma fisiologia e estrutura corporal diferente”, explica a cirurgiã.

Luciane diz ainda que pequenos sinais podem alertar sobre a presença deste distúrbio. “É preciso prestar muita atenção no paciente, pois assim é possível enxergar que aquela pessoa pode estar precisando de apoio psicológico”.

Apesar de ser considerada uma doença grave por especialistas, é difícil diagnosticar o transtorno porque seus sinais são facilmente confundidos com excesso de vaidade. Quem possui o transtorno fica a todo tempo incomodado com a aparência, o que leva a buscar auxílio e soluções na cirurgia plástica, dermatologia, odontologia e outros caminhos para se sentir melhor.

Segundo a psicóloga Elza Leite, esse é um distúrbio psicológico que gera no paciente muita insatisfação com o próprio corpo porque a pessoa tem uma imagem distorcida de si mesma. “Geralmente o que ela enxerga no espelho não condiz com a realidade e isso provoca muita insatisfação. Existem diversos casos em que a pessoa está com baixo peso e nega que está muito magra. Ela já pode estar, inclusive, vivendo um processo de bulimia e anorexia englobados dentro desse transtorno. Essa pessoa constantemente queixa-se de si mesma, falando que está gorda, feia e começa a ver grandes defeitos que outras pessoas não veem. Dessa forma, a pessoa doente busca muitos procedimentos estéticos de forma exagerada e não para de fazer, agravando ainda mais o problema.”

Elza salienta que a pessoa que possui o transtorno fica obcecada olhando no espelho e sempre procurando um defeito. Fica verbalizando que não está satisfeita. “O transtorno interfere na vida da pessoa como um todo. Sem contar com o fator comparação, quando se compara o tempo todo com outras pessoas que na grande maioria das vezes tem um padrão corporal totalmente diferente e é nesse momento que vão atrás dessa expectativa de mudança por meio da cirurgia plástica.”

O transtorno dismórfico corporal tem tratamento e cura. A rede de apoio é muito importante nesse momento e o papel do médico é ajudar o paciente a solucionar seus problemas, cuidando de sua saúde e bem-estar. Nem sempre essa ajuda é um procedimento estético, e sim a indicação de um tratamento para resolver questões muito mais profundas.

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