Por que as quedas são tão comuns em idosos? Médica dá dicas para evitar o problema
A geriatra Fernanda Damiani explica quais são os fatores que favorecem a ocorrência de quedas após os 65 anos. Algumas mudanças em casa podem trazer mais segurança e evitar tropeços e escorregões
O ex-presidente José Sarney, de 93 anos, sofreu uma queda depois de tropeçar dentro de casa e precisou ser internado no começo dessa semana. Pode parecer bobagem, mas quedas em casa são muito comuns entre idosos e representam um grande fator de risco. A Associação Médica Brasileira (AMB) estima que, anualmente, 50% da população com mais de 65 anos sofre com quedas e 70% destas ocorrem dentro de casa. Os motivos que justificam esses números estão relacionados à saúde do idoso e, também, às condições físicas do ambiente em que ele vive.
De acordo com a médica Fernanda Damiani, geriatra, algumas alterações fisiológicas, próprias do envelhecimento, aumentam as chances de quedas. “Alterações na estrutura óssea, na estrutura muscular, questões que vão alterando o equilíbrio, a visão e a audição do idoso. Infelizmente esses fatores, associados a uma instabilidade postural, vão contribuir de forma negativa para o surgimento de uma fratura, queda e traumatismo craniano encefálico”, explica.
Prejuízos físicos e psicológicos
As consequências de uma queda vão além dos prejuízos físicos para os idosos. Muitos, também desenvolvem problemas psicológicos. “A queda é um evento bastante comum e devastador em idosos. Pode ocasionar casos graves como traumatismo craniano, fratura do fêmur, perda da funcionalidade, necessidade do uso de órteses, como bengala ou andador e, em casos extremos, deixar o paciente acamado e levar a quadros de tromboembolismo venoso, infecções e até a morte. Após uma queda é muito comum também que os idosos sintam medo de cair novamente. Desenvolvendo esse pânico ou medo, ele acaba se limitando cada vez mais e se isola”, afirma a geriatra.
A lista de fatores que podem favorecer as quedas em idosos é longa e vai desde a diminuição da força muscular até deformidades nos pés, como unhas grandes e joanetes dolorosos. Doenças como osteoporose, depressão, derrame cerebral, Parkinson, esclerose múltipla e Alzheimer, além do uso de vários medicamentos, também facilitam a ocorrência de quedas.
Mas é possível diminuir os riscos com algumas dicas importantes:
Sapato adequado
Mesmo em casa, o ideal é que o idoso use sapato fechado, com solado de borracha. O uso de chinelo ou rasteirinhas facilita para que a pessoa tropece e sofra uma queda.
Iluminação
A casa precisa ter paredes claras e boa entrada de luz. Ambientes mal iluminados favorecem a ocorrência de quedas.
Arquitetura
O ideal é que a casa seja planejada com menos degraus e mais rampas, pisos antiderrapantes e móveis dispostos de forma que não atrapalhem a locomoção.
Espaço
Evitar o uso de tapetes e demais objetos escorregadios espalhados pela casa, bem como móveis baixos com quinas pontiagudas e maçanetas e puxadores pontudos. Os corredores devem ter corrimão nos dois lados.
Banheiro
Recursos de segurança como barras de apoio ao lado do vaso sanitário e do chuveiro são importantes. O tapete precisa ser antiderrapante. Durante a noite, deve-se deixar uma luz acesa para facilitar o caminhar até o banheiro.