Bebês múltiplos completam um mês; entenda os desafios da prematuridade
Os bebês prematuros necessitam de mais cuidados, com atendimento multidisciplinar tanto no ambiente hospitalar, quanto após a alta
A cada dez bebês que nascem no mundo, um é prematuro. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde, e diz respeito as crianças nascidas com menos de 37 semanas de gestação. Dentro desse universo há ainda os prematuros extremos, aqueles nascidos com menos de 28 semanas de gravidez. Bebês como os gêmeos Théo, Henry, Lucca, Maytê e Eloá, que nesta quarta-feira (01) completam um mês de vida.
Para qualquer criança, o desejado é sempre que o nascimento aconteça com 40 semanas de gestação. Mas quando falamos de gravidez múltipla, é quase inevitável que o parto ocorra de forma prematura. A neonatologista Juliana Neves, explica que esse é um dos fatores de risco para a prematuridade, mas não o único.
“Quanto maior a quantidade de bebês, maior o risco porque o tamanho do útero e o peso dos bebês aumentam a pressão sobre o colo uterino favorecendo o trabalho de parto prematuro. Mas também podemos destacar a realização inadequada do pré-natal, infecções maternas na gestação, idade reprodutiva avançada, uso de bebida alcoólica, drogas ilícitas e tabagismo, além de doenças crônicas maternas ou próprias da gestação, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, como fatores de risco que podem levar a um parto prematuro”, esclarece a pediatra.
Bebês prematuros costumam ficar bastante tempo na Unidade de terapia intensiva, isso acontece porque é necessário que as crianças ganhem peso e recebam todo o suporte necessário. Quanto mais prematuro for o bebê, mais imaturos serão os seus órgãos e maior será o risco de complicações.
“A prematuridade, principalmente a extrema, está associada a atraso no desenvolvimento neurológico e motor da criança, além de maior susceptibilidade a infecções, problemas respiratórios, cardiológicos e diversas alterações em outros órgãos. Os bebês prematuros necessitam de mais cuidados, com atendimento multidisciplinar tanto no ambiente hospitalar, quanto após a alta”, afirma a médica.
A presença dos pais
“A presença dos pais na Utin é importante para a criação do vínculo família- bebê, estando o colo (canguru) associado a melhora imunológica do recém-nascido, menor tempo de internação, melhor controle térmico, aumento da produção láctea da mãe e menos choro”, esclarece Juliana.
A alta
Para qualquer família com bebê prematuro, a alta hospitalar é sempre o momento mais esperado. Mas isso, depende da evolução de cada criança.
“Precisamos respeitar o tempo do recém-nascido e dar o máximo de suporte e cuidado possível para que ele possa se desenvolver bem, como se estivesse ainda no útero materno. Respeitamos a individualidade e peculiaridade de cada um. Na maior parte dos casos, para ter alta, o bebê precisa ter peso maior que 2kg, alimentação bem estabelecida, estabilidade hemodinâmica, com respiração adequada, sinais vitais normais, sem intercorrências, e idade gestacional corrigida maior que 35 semanas. Lembrando que cada bebê tem sua individualidade, podendo alguns precisar de maior suporte para alta hospitalar”, avisa.
Bebês múltiplos seguem na Utin
Nesta quarta-feira (01), os bebês múltiplos completam um mês. Theo, Henry e Maytê estão sendo acompanhados de perto por uma equipe especializada. Theo passou por uma cirurgia cardíaca, tem recebido nutrição por via endovenosa e por sonda, segue intubado e continua realizando diálise. Henry respira com auxílio de Cpap, recebe alimentação por sonda e já teve a diálise suspensa. Maytê também tem recebido alimentação por sonda e respira com auxílio de Cpap.
Os bebês Eloá e Lucca permanecem estáveis, em Colatina. Eles seguem em acompanhamento multidisciplinar, sem necessidade de transferência. Eloá e Lucca têm recebido nutrição por sonda e também leite materno.