Artigo: A busca por unicórnios made in ES e o encontro do econômico com o social

today2 de dezembro de 2022
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O ecossistema de inovação nos apresenta um termo bastante inquietante e que permeia o sonho de fundos de investimentos: uma startup unicórnio

O ecossistema de inovação nos apresenta um termo bastante inquietante e que permeia o sonho de fundos de investimentos: uma startup unicórnio. A nomenclatura se refere a um tipo de empresa inovadora jovem, com modelo de negócio repetível e escalável e que possui avaliação de mais de um bilhão de dólares. A escolha pelo nome de um animal fantasioso dá-se a impressão que encontrar uma empresa com estas características é extremamente raro, correto?

Atualmente, existem diversas empresas brasileiras com grande potencial de crescimento, que podem sim chegar a este nível. Mas também diversas outras que possuem diferenciais competitivos que se destacam no mercado e, com isso, agregam valoração à economia onde se instalam. São cadeias produtivas, atração de talentos e novos investimentos em pesquisa, inovação e infraestrutura.

O Espírito Santo traçou como estratégia para o desenvolvimento de sua economia uma rota que perpassa o desenvolvimento das empresas inovadoras locais e a atração de empreendimentos nacionais e internacionais. Um dos mecanismos adotados é o maior Fundo de Investimentos e Participações estruturado no país, o Funses 1, criado pelo Governo Estadual por meio de recursos de royalties da exploração de petróleo e gás.

O Funses 1 adota uma política de investimento multiestratégia, ou seja, baseia-se em decisões estratégicas de investimento diversificadas, numa análise qualitativa e prospectiva dos cenários macroeconômicos globais. Como metodologia, o Funses 1 adota três formas de apoio às startups: o investimento direto (com a participação acionária) e a aceleração, podendo envolver ou não recursos para estruturação da startup/empresa.

Para essas atividades, o Bandes, instituição de fomento e desenvolvimento socioeconômico capixaba que exerce a função de operador do Fundo, coordenou a chamada pública para a escolha da gestora para estruturar o FIP Funses 01. A gestora selecionada tem um papel importante em todo o processo, sendo responsável pela análise das empresas, valoração, negociação, investimento, aceleração e desinvestimento das empresas selecionadas.

A empresa selecionada para atuar como gestora foi a TM3 Capital, que trouxe para o mercado capixaba uma parceira, a ACE, holding de inovação de negócios e apoio ao empreendedorismo. O FIP Funses1 trabalha assim, não apenas com investimento de empresas maduras de base tecnológica, mas também na aceleração de empresas em estágio inicial. Ou seja, o fundo tem o foco em empresas desde a fase de ideia até as etapas mais maduras, com produtos, prazos e clientes.

A estratégia parte do princípio que empresas que são investidas performam e podem ter um retorno maior, o que vem a ser o propósito de uma carteira de investimento diversificada.

O retorno econômico para o Fundo é mais perceptível, mas o impacto social da atração de empresas e do desenvolvimento de novas tecnologias no ecossistema de inovação permite a geração de empregos qualificados e a maior articulação das demais cadeias produtivas, lotadas em segmentos mais tradicionais da economia.

A procura por uma empresa unicórnio, que tenha uma grande ideia aplicável, que encontre receptividade no mercado, atraia investidores e gere lucro excepcional para o investidor é uma meta, e o caminho percorrido neste processo nos faz atrair e desenvolver outras tantas empresas com potencial de mudança da realidade socioeconômica. Dessa forma, como estratégia de política pública de desenvolvimento, o balanço de se investir em empresas iniciantes é uma decisão promissora e que vale a pena em diferentes aspectos.

por Munir Abud
Diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

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