Deputado afirma que há indícios de que empresas de fora estão por trás de ataques hackers que causam lentidão à internet no ES

today9 de agosto de 2022
remove_red_eye258

Bruno Lamas saiu em defesa dos pequenos provedores do Estado e afirmou que concorrência desleal pode ser responsável pelos prejuízos causados a escolas e hospitais

O deputado estadual Bruno Lamas (PSB), integrante da CPI dos Crimes Cibernéticos da Assembleia Legislativa, disse hoje (9), após ouvir o depoimento de representantes de pequenos provedores que atuam no Espírito Santo, que há indícios de que empresas grandes, de fora do Estado, estejam praticando ataques hackers, responsáveis pela lentidão da internet e que causam prejuízos ao bom funcionamento de escolas e hospitais.

“A CPI cumpriu hoje um importante papel: há indício de crimes cibernéticos acontecendo no Estado, não temos dúvidas disso. Esses crimes atingem frontalmente os pequenos provedores. Os indícios são de que empresas grandes, de fora do Estado, estejam praticando este crime. Há indícios de concorrência desleal”, declarou Bruno, autor do pedido para que o caso fosse investigado na CPI, mas sem citar nomes.

De acordo com o parlamentar, a Polícia Federal já se manifestou e vai colaborar com as ações da comissão. “A cópia de tudo que aconteceu aqui será remetida à Federal. A Polícia Civil também estará conosco nas próximas reuniões. Já temos os nomes dos próximos convocados e o nosso objetivo é dar fim a este tipo de crime, que causa prejuízos à sociedade capixaba de forma brutal, atingindo escolas e hospitais, dentre outros. Empreendedores estão sendo afetados e esta CPI vai buscar os culpados e resolver essa questão”, garantiu Bruno.

As denúncias são de que os ataques teriam sido iniciados em junho, atingindo os municípios de Vargem Alta, Atílio Vivácqua, Venda Nova do Imigrante, Iconha, Castelo, além de outras cidades do Caparaó, e se estendido para demais regiões do Estado, inclusive Grande Vitória.

Na sessão de hoje, os representantes de provedores de internet envolvidos apresentaram suas denúncias e foram ouvidos pelos membros da CPI.

Segundo Bruno, não há roubo de dados digitais, mas os ataques serviriam para afetar os provedores locais com o objetivo de desqualificá-los junto ao consumidor final, que fica insatisfeito com a lentidão da rede.

De acordo com o administrador da Empresa New Tecnologia da Informação, com sede em Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Henrique Borges Fassarella, esse tipo de ataque tem efeitos irreversíveis, especialmente para empresas de pequeno porte, que não conseguem investir altas quantias na proteção de suas redes de interface de programação (IP), também conhecido como protocolo de internet.

“O cliente vai ficar insatisfeito com o produto e, infelizmente o provedor, a única coisa que ele pode fazer é a mitigação. Não tem como fazer nada além de esperar o ataque parar. Enquanto o ataque continuar, continua a lentidão. Você pode investir em equipamentos de mais densidade e mesmo assim você vai ter a lentidão no produto final e o usuário vai sofrer, vai sentir isso”, lamentou.

Os ataques também são recorrentes na Região Metropolitana, como afirma o diretor técnico da GTI Telecomunicações, Álvaro Araújo França. A empresa tem sede em Vitória. A estimativa é que aproximadamente 100 mil usuários sejam prejudicados direta e indiretamente. O representante da GTI acredita que existem três grandes principais interessados em prejudicar as empresas de menor porte.

“Existem três principais interessados nesse tipo de ataque. Um seria a concorrência, ela seria a principal beneficiada com esse tipo de ataque. Seriam empresas maiores, normalmente empresas de grande porte, que têm sede fora do Estado, porque a gente percebe que os ataques são destinados aos pequenos provedores da nossa região. Todos os provedores do nosso Estado têm sofrido com isso, do Sul ao Norte, além de Vitória”, opinou.

Para o especialista, o segundo maior interessado seriam empresas de venda de link de grande porte, nacionais e internacionais que forçariam a empresa menor a trocar o seu fornecedor. E em terceiro seriam as empresas que fornecem o serviço de mitigação, que é a própria proteção.

Após ouvir as explicações, Bruno Lamas solicitou a todas as empresas ouvidas que encaminhassem um relatório com a lista de clientes que interromperam os contratos nos últimos meses e solicitou que fosse feita uma investigação para saberem para quais empresas esses clientes migraram após a interrupção desses contratos.

O presidente do colegiado, deputado Vandinho Leite, também solicitou que as empresas enviem à CPI todo material que comprove o direcionamento desses ataques para que sejam acionadas as autoridades competentes.

foto Lucas Costa/Assembleia Legislativa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*