Gandini vai buscar fundo para investir em pesquisa de estudantes sobre microplásticos

today6 de junho de 2024
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O parlamentar recebeu na Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa um grupo de alunas da Escola São Domingos, que encontrou microplásticos na água, na cerveja, no suco e no leite

O presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), recebeu ontem (05) três alunas da Escola São Domingos, de Vitória, para apresentar o resultado de uma pesquisa inédita: a presença de microplásticos em bebidas industrializadas consumidas no dia a dia, tais como: como água, cerveja, suco e leite. Após a reunião, o parlamentar anunciou que entrará em contato com o Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fundema), para buscar investimentos e continuidade da pesquisa.

A reunião foi realizada no Plenário Rui Barbosa e contou com a presença das estudantes Ana Luísa Marinato, Beatriz Fava Souza e Júlia Lima, que desenvolveram a pesquisa com a ajuda do professor Gustavo Martins Rocha, além de membros da escola, representantes da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) e do Conselho Regional de Biologia.

Inicialmente, o deputado parabenizou o esforço e desempenho das alunas, que agradeceram a oportunidade de estar presente na Comissão. A estudante Júlia explicou que o microplástico é resultado do plástico não reciclado que acaba chegando até a natureza, podendo causar danos enormes ao meio ambiente e ao corpo humano.

“Conforme a gente vai ingerindo o microplástico, que possui metais pesados, ele vai se acumulando no nosso corpo e não é excretado”, pontuou Júlia.

Beatriz apresentou a metodologia usada na pesquisa. Segundo ela, primeiro foi realizada uma filtragem a vácuo, depois eles foram armazenados em placas e levados à estufa para secar e, por fim, foram contabilizados e testados para comprovar que se tratava de plástico. Para finalizar a exposição, Ana Luísa mostrou os resultados. Pela análise, a presença dos fragmentos não vem das embalagens dos produtos, mas provavelmente de um processo industrial na fabricação.

“Encontramos microplástico em todos os itens analisados, e o tipo mais encontrado foi o fragmento encontrado no suco”, exemplificou.

O grupo realizou a pesquisa a partir da análise de 10 produtos de diferentes marcas e lotes. O estudo foi feito nos laboratórios da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) durante um mês.

Gandini observou que, para chegar a uma legislação, é necessário um parâmetro estudado do que seria uma quantidade segura de ser encontrado o microplástico. “O estudo vai ajudar o Estado a determinar quais são os limites possíveis de se encontrar isso nos alimentos”, avaliou.

A gerente de Meio Ambiente da Cesan, Juciene da Silva Mota, respondeu a possibilidade dos fragmentos estarem vindo da água tratada. “Já está em andamento várias pesquisas nesse sentido, que avaliam a capacidade de remoção de resíduos por sistemas de ultrafiltração, com uma capacidade mais precisa. Isso já está sendo avaliado pela Cesan para que seja implantado no tratamento da água e já temos uma estação pequena em teste com o filtro”, contou.

VISITA
Gandini, por sua vez, solicitou uma visita com as alunas a essa estação em teste de ultra filtração, para contribuir na pesquisa.

Ao final, o parlamentar entregou para as estudantes um Voto de Congratulação, uma homenagem da Assembleia Legislativa aos bons exemplos da sociedade. Ele também reforçou que a pesquisa precisa continuar.

“Com o Estado a gente já está conversando através do Fundema, para ver se tem um apoio para a continuidade dessa pesquisa. É uma parte relevante a continuidade e a reunião foi importante para divulgar o assunto e abrir esse campo de pesquisa no Espírito Santo. A gente pode talvez contribuir nacionalmente para um resultado ou uma política pública”, explicou Gandini.

O trabalho, denominado Primeira Investigação da Presença de Microplásticos em Bebidas, foi premiado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e no Fórum Cenário das Condições Crônicas Não-Transmissíveis (CCNTs). O estudo também será apresentado na Feira Nacional de Ciências, na Universidade de São Paulo (USP), e também poderá ser levado aos Estados Unidos.

Membro do colegiado, a deputada Iriny Lopes (PT) destacou a relevância da pesquisa para a sociedade, além do conhecimento adquirido pelas alunas, e elogiou os coordenadores da escola. Mas alertou que é preciso pensar no processo de toda a cadeia produtiva. Ela destacou o papel da reciclagem dos resíduos coletados.

“Temos que voltar a ter na Grande Vitória, especialmente, com a obrigatoriedade da coleta seletiva, principalmente pela quantidade de habitantes e o volume produzido de resíduos. São poucos os municípios no Estado, atualmente, que fazem a coleta seletiva”, registrou a deputada.

Segundo Gandini, “Vitória, infelizmente, reduziu a quantidade de coleta de resíduos neste ano. A gente tinha a meta de neste ano chegar a 10% do volume de resíduos, e estamos em 2%, diminuindo de 3%”.

O deputado destacou o trabalho desenvolvido no município de Viana que, segundo ele, é referência na reciclagem e na agroecologia.

foto Lucas S. Costa

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