Malha lingual | Uma dieta que pode te dar muita dor de cabeça
Uma proposta polêmica para quem deseja perder peso: costurar uma tela na língua, o que vai impedir o consumo de alimentos sólidos. Dentista e neurocientistas mostram os riscos desta medida
Uma iniciativa desenvolvida para quem deseja perder peso tem gerado muita polêmica nos consultórios dos dentistas. Em busca de literalmente “fechar a boca” da pessoa que deseja eliminar os quilos a mais, a dieta da malha lingual tem despertado a atenção para uma série de problemas que tal medida pode trazer para a saúde da pessoa.
Segundo o dentista Dr. Luciano Martins, a dieta consiste no seguinte: “é costurada uma espécie de malha ou tela na língua da pessoa, seja com grampos ou pontos, e assim o ato de comer e mastigar alimentos sólidos se torne um grande tormento. e com isso o indivíduo passe a consumir apenas líquidos ou pastosos, ou seja, fazendo com que haja essa perda de peso”.
Para piorar, “há quem coloque a malha por alguns meses até conseguir emagrecer e depois a retira, ou faça uma dieta estabelecendo períodos sazonais, como a usando por dois meses, depois remove por alguns dias, e em seguida a aplica novamente”, observa o dentista. No entanto, conforme lembra o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu, é preciso observar que tal proposta não é um método científico: “Ainda é algo doloroso, incômodo e pode limitar a ingestão de nutrientes essenciais para o bem estar da pessoa”.
Diante disso, Dr. Luciano lembra da questão higiênica: “Pode acontecer da comida ficar retida entre a língua e a tela, o que pode trazer problemas ligado ao hálito da pessoa”. Já Fabiano lembra que “a língua é um músculo com muitas terminações nervosas e se grampeamos alguma coisa em nós, além de nos machucar muito, podem ocorrer feridas e infecções”. Além disso, “Essa dor e este incômodo vai elevar a ansiedade que pode trazer outros problemas em relação à saúde mental.”
Dr. Luciano sintetiza: “Como se observa, esse sistema de malha lingual não traz nada de bom ou saudável”. Vale lembrar que tal técnica não é autorizada pelas entidades reguladoras de saúde, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Federal de Odontologia (CFO).
foto divulgação/MF Press Global