Comunidade quilombola Monte Alegre realiza encerramento de projeto
O último sábado (25) marcou o encerramento do projeto Memórias do Quilombo Monte Alegre, que vinha sendo realizado na comunidade quilombola de mesmo nome, no interior de Cachoeiro de Itapemirim.
Essa é uma iniciativa que busca transmitir aos jovens do local os conhecimentos sobre o caxambu – manifestação de origem afro-brasileira que é embalada por versos cantados e batidas de tambores – e a história do grupo de caxambu Santa Cruz, certificado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial do Brasil.
Por meio da oralidade e da prática todos os ensinamentos vêm das mestras de caxambu do quilombo – Maria Laurinda Adão, Adevalmira Adão Felipe, Geralda Nogueira Calixto e Neuza Gomes Ventura –, as quais também integram rodas de conversa entre os idosos da comunidade.
Pontuadas por lições de vida e histórias que remontam ao período da escravatura no Brasil, os encontros com as crianças sempre culminam com as palmas, os cantos, as danças e os batuques da tradicional roda de caxambu. As oficinas foram mediadas pela contadora de histórias Maria Elvira Tavares Costa e pela professora Luciene Carla Correia Francelino.
Essa edição de encerramento do projeto contou com a visita de diversos grupos: Caxambu Alegria de Viver, de Vargem Alegre; Caxambu do Horizonte, de Alegre; Caxambu da Família Rosa, de Muqui; Jongo Mestre Bento, de Itapemirim; Bate Flechas de São Sebastião, de Jacu; e a Capoeira Filhos da Princesa do Sul, de Cachoeiro.
“Isso enriquece demais o projeto, pois promove a interação entre grupos que, apesar de praticarem o mesmo folguedo, possuem particularidades na sua forma de organização e de apresentação”, declara Genildo Coelho Hautequestt Filho, arquiteto, produtor e coordenador de projetos da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense.
“Sem dúvida é um trabalho que se conclui de forma muito positiva e só fortalece os integrantes desses grupos que representam o que a história do sul do estado tem de mais valioso”, conclui.
Memórias do Quilombo Monte Alegre é um projeto realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria da Cultura, e conta com o patrocínio da ES Gás.
“Patrocinar uma iniciativa como esta, que faz o resgate de tradições culturais da comunidade e permite que sejam perpetuadas por meio do envolvimento das novas gerações, é de grande satisfação para a ES Gás. Saber que contribuímos para fortalecer iniciativas que difundem e fortalecem o movimento negro dialoga totalmente com nossa política de sustentabilidade e nossa crença em uma sociedade que valoriza a diversidade”, afirma Cintia Dias, assessora de Comunicação e Sustentabilidade da ES Gás.
Integração de atividades
Outro projeto que está paralelamente em andamento no quilombo Monte Alegre é o Ponto de Memória Quilombola, que também se baseia na premissa de levar às novas gerações todos os ensinamentos a respeito da história da comunidade, dos seus antepassados e, claro, os ensinamentos a respeito do caxambu. Isso promove o fortalecimento do grupo de caxambu Santa Cruz, que hoje é comandado pela mestra Maria Laurinda, mas que tem a perspectiva de continuidade nas crianças e nos adolescentes do local, que precisam passar por esse processo de compreensão e de amadurecimento para poder dar seguimento ao trabalho já desenvolvido até o momento.
“Tendo incentivos como esse é que a gente vai conseguir passar nossos conhecimentos aos jovens. Eles se interessam muito pela história do quilombo e pelas rodas de caxambu, e precisamos mesmo de momentos assim, de reunião com eles”, afirma a mestra Maria Laurinda, que comanda o Santa Cruz há mais de 6 décadas.
O Ponto de Memória Quilombola é viabilizado com recursos do Funcultura, da Secretaria da Cultura, por meio do Edital 06/2022 – Patrimônio Cultural, e conta com o apoio da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense e do Studio Inovar Arquitetura.
fotos Luan Volpato