‘O Policial e a Pastora’ está na competição oficial do Festival Olhar de Cinema
Com uma obra interessada em questões políticas e sociais da contemporaneidade, Alice Riff apresenta seu novo longa O POLICIAL E A PASTORA, que acaba de ser selecionado para o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que acontece entre os dias 14 e 22 de junho na capital paranaense.
O documentário se estrutura em uma tentativa de retratar um policial e uma pastora. Ambos são militantes: a pastora é feminista e o policial é antifascista, ou seja, enfrentam as correntes hegemônicas nas instituições que pertencem.
A diretora se encontra com o policial e a pastora, buscando suas contradições, e com uma pergunta em mente: como se luta a partir de dentro das instituições? Esta motivação inicial é o que dispara o encontro. À medida que a relação entre a diretora do filme e os personagens se desenvolve, o filme toma caminhos próprios. A diretora quer fazer um filme sobre eles. Eles aceitam, com algumas condições: querem ter controle de sua imagem e dos procedimentos do filme.
Riff explica que cada um dos seus filmes tem sua própria história. No caso deste, acabou encontrando seu rumo durante o processo. “Esse documentário surgiu em 2019 em um momento de paralisia. A extrema direita tinha ganhado as eleições e busquei me aproximar de espaços ‘vitoriosos’ e fortes naquele momento. O filme surge do desejo de filmar pessoas que fazem parte das instituições centrais nesse jogo político da extrema direita, e que se posicionam contra.”
Com produção do Studio Riff, Filmes da Garoa e Casa Barco Filmes, e lançamento pela Olhar Distribuição, o longa traz duas figuras representantes desses grupos. Alexandre Felix Campos é um policial antifascista que, em entrevistas, se abre para a câmera, fala sobre seu trabalho, os desafios por fazer parte de um grupo minoritário na corporação e também sobre suas posições políticas e ideológicas. Já Valéria Vilhena é uma pastora feminista que, ao lado do coletivo Evangélicas Pela Igualdade de Gênero, também discute sua posição política dentro da igreja evangélica em busca pela equidade de gênero e fortalecimento das mulheres.
Ao encontrar os personagens de seu longa, Riff se deparou com pessoas que a princípio se mostraram muito interessadas e dispostas a fazer um filme, mas já de cara levantaram ressalvas e questionamentos. Tanto Alexandre quanto Valéria tinham ideias próprias de como o filme tinha que ser e eram contra algumas das posições da diretora. “Partir de personagens que se negam e discordam de mim para construir o filme me interessa do ponto de vista de pesquisa documental.”
Surge, então, uma terceira figura dentro do longa: a própria diretora, com seus questionamentos e embates, e, nesse sentido, acaba discutindo o próprio processo documental e o gênero.
“Esse filme foi realizado – desde o desenvolvimento até a filmagem – em um período de governo de extrema direita somado a pandemia. Um período em que acompanhamos o Brasil sendo destruído, o cinema sendo destruído, assim como a saúde, a educação… Eu resolvi filmar um policial que, por mais que questione a polícia, segue sendo um policial. Uma pastora que eu não conseguia entender: se pensa assim, por que segue nessa instituição tão conservadora? Assim como eles tinham pés atrás com relação a mim, eu tinha em relação a eles”, explica.
Essas instabilidades foram incorporadas pela diretora na forma de O POLICIAL E A PASTORA, no qual a câmera está sempre na mão, nunca fixa ou parada, sempre buscando, se perdendo, se encontrando, se perdendo novamente. “Não via sentido em construir retratos que ‘parassem de pé’, que fossem perfeitos, conclusivos. Um retrato do nosso tempo, e do meu momento também como cineasta, em que corro riscos, lido com minhas limitações e falhas, me coloco em lugares que não tinha me colocado.”
O POLICIAL E A PASTORA será lançado no Brasil pela Olhar Distribuição, ainda sem data de estreia comercial.
Sinopse
Como se luta a partir de dentro das instituições? Um policial e uma pastora. O policial é antifascista e a pastora é feminista, enfrentando correntes hegemônicas nas instituições que pertencem. A diretora quer fazer um filme sobre eles. Eles aceitam, com algumas condições: querem ter controle de sua imagem e dos procedimentos do filme. A diretora é então levada para caminhos peculiares nessa tentativa de fazer um filme.
Ficha Técnica
Direção, Argumento e Roteiro: Alice Riff
Direção de Fotografia: Vinicius Berger
Montagem: Thiago Carvalhaes, Yuri Amaral
Técnica de Som Direto: Bianca Martins
Desenho de Som: Ricardo Zollner
Trilha Sonora: Bio Riff
Direção de Produção: Marina Moreira D’Aquino
Produção Executiva: Priscila Portella
Pesquisa: Alice Riff e Larissa Ribeiro
Pós-Produção de Imagem: Lucas Negrão | Anti-glitch Foundation
Pós-Produção de Som: Ricardo Zollner
Produtores: Alice Riff, Priscila Portella, Larissa Ribeiro, Bruno Caticha
Com Alexandre Felix Campos, Valeria Vilhena e Evangélicas Pela Igualdade de Gênero
Produtoras: Studio Riff, Filmes da Garoa e Casa Barco Filmes
Distribuidora: Olhar Distribuidora
Pôster: Pintura de Bruno Baptistelli
Design Gráfico: Alexandre Mendes