VALDETE PIRES: filha de Piúma conta sua história de superação

today11 de julho de 2024
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Começando bem cedo sua carreira profissional como professora, trazendo na bagagem apenas o Magistério, Valdete Pires amava ir à escola educar os pequenos alunos que tinha.

Criada no Porto, filha da dona Detinha e do seu Waldo, pescador, que também atuou como Presidente da Câmara de Vereadores do município, aos vinte e um anos, foi surpreendida tragicamente por uma mudança radical em sua vida.

ACIDENTE
Em uma viagem de lua de mel, Valdete estava em um ônibus que tinha como destino a região dos Lagos (RJ), mas, numa altura de mais ou menos 9km ao sair de Piúma, um terrível acidente aconteceu. O motorista dirigia em alta velocidade e ao se deparar com uma curva fechada, perdeu o controle da direção e capotou com o ônibus. Valdete conta que estava sentada justamente no lado mais atingido pelo impacto:

“Foi uma noite de horror! Fui encaminhada para a Santa de Misericórdia de Cachoeiro e, infelizmente, sofri amputação das minhas pernas. Fiquei quase dois meses internada, retornando para casa, onde recebi todo o cuidado e apoio de familiares e amigos até me recuperar por uns três meses”, conta.

Valdete relata que ver sua mãe sofrendo era muito doloroso para ela também: “minha mãe vivia com lágrimas nos olhos e encarar as pessoas era um desafio para mim e, essa situação foi causada pela irresponsabilidade do condutor daquele ônibus, naquela fatídica noite, mudando completamente o rumo da minha vida”, desabafa.

Aceitar a cadeira de rodas não era algo fácil, dessa forma, ela precisou voltar ao Rio de Janeiro para começar um novo processo de reabilitação que consistia na colocação das próteses, que proporcionariam no mínimo, um conforto e independência nas atividades diárias.

Para Valdete, a colocação das próteses não era algo complexo, mas, a realidade era outra, e lá se foi mais um ano internada, retornando em casa apenas em feriados prolongados e convivendo com as dores de outras pessoas que também tinham deficiências.

Entre uma sessão e outra de fisioterapia havia também a terapia com artesanato, e ela se encantou pela arte de pintura em tela. Depois de muita fisioterapia e acompanhamento com protesista, Valdete estava andando com as próteses e voltou para Piúma, recomeçando assim, uma nova vida. Sempre enfrentou com maestria os obstáculos que chegavam.

Tornou-se mãe aos 24 anos, se formou em marketing e Artes Visuais. Ao descobrir o mundo da arte, ela relata que se trata de um mundo colorido que cura as dores: “minha história tem muitas páginas e o encontro com a arte é uma das principais. Transformou minha vida e me fez acreditar que estou aqui por um propósito Divino, ajudando pessoas a ressignificarem suas vidas através das minhas aulas de pintura”, pontuou.

Valdete, hoje com 55 anos, se sente feliz e transmite muita força apesar de tudo que passou, entretanto, ela diz que em Piúma não tem um programa voltado ao PcD (Pessoa com Deficiência): “temos o comércio central, mas pouco usufruo dele porque as ruas e as calçadas são intransitáveis até para quem não tem mobilidade reduzida. No meu caso fica ainda mais difícil, mas, ainda tenho esperança de transformação para meu município”, enfatizou.

por Claudia Carvalho

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